sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Como paciente, nos últimos anos eu tenho pensado muito sobre a ética e qualidade nos atendimentos médicos. Estou falando de consultas em consultórios, avaliações em clínicas, exames em laboratórios e etc. Nós, usuários freqüentes destes serviços, temos a imagem do médico como o principal recurso que trará o alívio dos nossos problemas de saúde e como o profissional interessado em primeiro lugar com o bem estar dos pacientes. Entretanto exatamente onde deve ter muita idoneidade, competência, comprometimento, seriedade e profissionalismo, aparece a corrupção da falta de ética dissimulada.
Conhecemos há alguns meses o caso do médico que prescrevia medicamentos desnecessários para os pacientes. O SUS era obrigado a importar medicamentos caríssimos dos laboratórios os quais repassavam uma porcentagem da venda para o médico. E quem paga a conta? O caso foi mostrado em todas as mídias e foram punidas diversas pessoas envolvidas.


Outro caso envolvendo profissionais de saúde foi divulgado a aproximadamente um mês. A história do médico que cobra para priorizar atendimentos de pacientes. Enquanto pessoas esperam meses para receberem do médico o encaminhamento necessário para o tratamento ou a solicitação de exames, outras pessoas são atendidas de imediato. Sendo o serviço público o elemento utilizava da estrutura para se aproveitar da situação.

Existem vários níveis de corrupção, não se pode igualar todas. Mas a falta de ética está muito perto, em todas as cidades. Deixe-me explicar. Todos conhecemos os representantes dos laboratórios que rotineiramente visitam os médicos. São aquelas pessoas que levam aos médicos os novos medicamentos, produtos, lançamentos de equipamentos e acessórios. Muito bem, os médicos com sua vivência e conhecimentos acadêmicos irão escolher dentre as várias opções de medicamentos e dentre as diversas opções de fornecedores e laboratórios o melhor produto para cada paciente, certo? Errado! O medicamento que o seu médico te receitou provavelmente não é o mais eficiente, ou seja, aquele que irá te trazer o melhor custo benefício, mas sim aquele que veio do “melhor” fornecedor.

Sabe aquelas milhagens que as pessoas ganham quando andam de avião? Então, os laboratórios registram para cada médicos uma “milhagem” conforme a quantidade de medicamentos “vendidos”. Após uma certa quantidade estes créditos são trocados por prêmios, normalmente viagens a congressos e seminários em locais exóticos para onde os médicos-vendedores de sucesso podem levar toda a sua família.

É assustador saber que uns dos critérios para indicação do meu medicamento é ganhar “milhas”. Em outras palavras, estes medicamento ficam mais caros, pois subsidiam viagens, enquanto outros medicamentos com o mesmo efeito ou melhores não são receitados.

No mínimos isto é concorrência ilícita. Os mais prejudicados? Somos nós, reféns desta situação a qual se transformou em mais uma coisa que ninguém vê.

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